"Conceito dos Versos - Rimas - Métrica" |
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO VERSO EM PORTUGUÊS |
Você é quem escolhe, pode preferir futebol, pescar, ouvir ou tocar música etc porém se preferir poesias, você deve ter noção, de todos as coisas escritas aqui, caso seja só um amante da poesia, como no futebol, deve conhecer pelo menos as regras básicas deste esporte. Dando um passo adiante, se pretende compor poesias, deve saber todas estas coisas escritas aqui de cor e salteado, cada letra, cada detalhe, e quando pretender fazer uma poesia deve usar todos estes recursos, sem o que, você poderá ser tudo, menos um poeta... !!! |
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Nos fins da Idade Média, por influência espanhola, retorna à
versificação portuguesa,
como se pode ver nas composições do Cancioneiro Geral, de
Garcia de Rezende.
Versas de doze sílabas (alexandrinos e
dodecassílabas):
O verso de doze sílabas (alexandrino)
pode ser considerado como a junção de dois versos de seis
sílabas,
sendo o primeiro de terminação grave ou aguda.
Divide-se, portanto, em duas metades ou dois
hemistíquios,
sendo a sexta sílaba do alexandrino
sempre acentuada.
Verso de origem francesa (Romance de Alexandre, de Lambert le
Tort,
Alexandre
de Bernay e Pierre de Saint-Cloud), nêle não há
vocábulos esdrúxulos na ligação
dos hemistíquios.
Em nossa língua, alguns poetas se afastaram dessa norma, como em
espanhol e italiano.
Em francês, a regra se mantém normalmente, por não haver
vocábulos proparoxítonos naquela
língua.
Há dois tipos de verso alexandrino:
Alexandrino agudo
- Quando a sexta sílaba do primeiro
hemistíquio é um monossílabo
tônico ou a
última sílaba de um vocábulo poeticamente
oxítono,
o segundo hemistíquio começa por
vogal ou
consoante, indiferentemente.
No caso, a justaposição do
segundo hemistíquio é livre.
Exemplos de Olavo Bilac:
"Tô / da / , num / só / o / lhar, / de / vo / ran / do as
/
es / trê / las".
Observe-se que a sexta sílaba é a última de um vocábulo
poeticamente oxítono,
iniciando-se por consoante
(podia iniciar-se por vogal) o
segundo hemistiquio;
"Que mo / rre ... e / nun / ca / mais, / nun / ca / mais /
há / de / vê / -las".
Observe-se que a sexta sílaba é um
monossílabo tônico, iniciando-se por
consoante
(podia iniciar-se por vogal) o
hemistíquio seguinte.
Alexandrino grave
- Quando a sexta sílaba do primeiro
hemistíquio
for a tônica de um vocábulo poeticamente
paroxítono, este vocábulo deve
terminar em vogal,
começando por vogal o vocábulo
seguinte, ocorrendo elisão ou
sinalefa na ligação dos
hemistíquios.
Nesse caso, a técnica reclama cuidados especiais, como se vê
neste exemplo de Olavo Bilac:
"Mu / gem / so / tur / na / men / te as / á / guas. / O / céu /
ar / de".
Observe-se, com efeito, que a sexta sílaba é a penúltima de um
vocábulo poeticamente paroxítono,
que termina em vogal, começando
por vogal o vocábulo seguinte.
Na ligação dos hemistíquios,
ocorre sinalefa.
Aí estão os dois tipos de verso
alexandrino.
Românticos e simbolistas, entretanto, recriaram e difundiram um
tipo raro
de verso de doze sílabas poéticas, ge ralmente agrupadas quatro
a quatro.
Ou seja: grupam - se três versos de quatro sílabas,
suprimindo-se a ligação dos
hemistíquios do alexandrino
normal.
Exemplo de Tasso da Silveira, apresentando acentuação na 4ª, 8ª
e 12ª sílabas:
"A / por / ta hu / mil / de / do / con / ven / to / fran / cis,
/ ca / no
Dan / te, / can / sa / do e / su / cum / bi / do,/ vai / ba /
ter..."/
Há, por fim, o chamado alexandrino
espanhol, também resultante da junção de dois versos de seis
sílabas,
mas sem observar a técnica francesa na ligação dos
hemistíquios.
Assim, o alexandrino espanhol se
torna um verso hipermétrico de
treze sílabas ou mais,
como nos
mostra o seguinte exemplo de Murillo Araújo,
que
apresenta a particularidade
de contar sempre com um proparoxítono
no fim do primeiro hemistíquio,
elevando-se a quatorze o número de sílabas em cada verso:
INVOCACÃO
Lu / a e / le / va / da, / lim / pi / da /... trê / mu / la e /
ta / ci / tur / na,
és / lu / a, a / gar / ça o / lím / pi / ca, / pás / sa / ro
/ da / i / lu / são! /
Lu / a, és / po / li / da e / diá / fa / na / ...
Pla / ca es / pe / lhar /
no / tur / na,
ser / ves / de es / pe / lho / má / gi / co / pa / ra
a / Sau / da / de! / não? /
Lu / a / de / pai / na al / ví / ssi / ma / pai / na a / flo
/ rir / so / tur / na,
que ar / mi / nhos / teus / le / vís / si / mos / ho / je /
me / a / fa / ga / ráo?
Lu / a / de / so / nho e / már / mo / re / Bran / ca e / ine
/ fá / vel / ur / na,
der / ra / ma / -me o / teu / bál / sa / mo! / Tra / ze / -me a
/ so / li / dão /
Vejamos, em seguida, um exemplo de alexandrino espanhol com doze
ou treze sílabas,
caso mais normal:
En / fer / mos / e / fe / ri / dos / en / ten / di / a / cu /
rar /
con / tra a / le / tra / da / lei. / Não / pá / ra a / í / o
hor / ror /...
Res / sus / ci / ta / va os / mor / tos / e / sse / vil / im /
pos / tor, /
to/ mal / va / no / mes / fal / sos / e / faí / sas / qua /
li / da / des
e, er / ran / do o / ra / nos / cam / pos, / o / ra / pe / las
/ ci / da / des
ou / vi / am / -no / di / zer: / "Po / deis / me a / com /
pa / nhar!" /
(Castro Alves)
Versos de mais de doze sílabas e versos
amétricos
Além do verso de doze sílabas, embora mais raros,
pode ainda haver versos de treze a vinte sílabas, com ritmo
misto.
Tais versos longos resultam da junção de versos menores.
Por outro lado, há versos amétricos,
que não apresentam medida fixa.
É o caso do antigo verso de arte
maior, verso basicamente formado de dois
hemistíquios de seis sílabas,
pois resulta da junção de dois versos de
redondilha menor. Trata-se de um
verso acentual,
caracterizando-se pela existência de dois acentos em cada um dos
hemistíquios que possui.
Esquema
do verso
de arte maior, em sua forma
paradigmática: o
ó o o
ó o / o ó o o
ó o.
Dessa forma paradigmática, em
ritmo anfíbraco, é que surge o
nosso hendecassílabo moderno,
como verso regular, apresentando acentuação predominante na 5ª
e 11ª sílabas.
No caso do verso de arte maior,
tipicamente acentual, o que
importa é a existência de dois acentos em cada
hemistíquio, variando o número
de sílabas métricas. De fato, as sílabas
átonas iniciais ou finais dos
hemistíquios podem existir ou não. Assim, o verso pode apresentar
de nove a onze sílabas.
Estas são algumas noções de PRINCÍPIO FUNDAMENTAIS DOS VERSOS EM
PORTUGUÊS,
base primária para entender-se, porque
Camões, Bilac, Castro Alves
e outros poetas,
eram gênios da língua e MESTRES DA POESIA.
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CONCEITO GERAL DA RIMA |
RIMAS Rima é uma conformidade ou coincidência de fonemas, geralmente a partir da última vogal tônica de cada verso. Outra informações sobre rimas, no link deste site, A MAGIA DOS SONETOS / RIMAS, ALMA DOS SONETOS. |
Os versos, quanto à rima, podem ser: consoantes, assonantes ou soltos, conforme os exemplos: Exemplo de rimas consoantes: Olha estas velhas árvores, mais belas Do que as árvores novas, mais amigas; Tanto mais belas quanto mais antigas, Vencedoras da idade e das procelas... (Olavo Bilac) No exemplo acima, a coincidência de fonemas é perfeita, a partir da última vogal tônica: belas procelas e amigas antigas. Exemplo de rimas assonantes: São ondas mesmo ou bailarinas? São ondas mesmo ou raparigas? (Augusto Frederico Schimidt) RIMAS QUANTO AO ACENTO TÔNICO Quanto ao acento tônico, as rimas podem ser: Aguda ou masculina, quando os vocábulos em rima são oxítonos, tipo não predominante em Português. Ex.: Era uma mosca azul, asas de ouro e granada, Filha da China ou do Indostão, Que entre as folhas brotou de uma rosa encarnada Em certa noite de verão. (Machado de Assis) No caso, são agudas as rimas do segundo com o quarto verso: Indostão e verão. Grave ou feminina, quando os vocábulos em rima são paroxítonos, tipo predominante em Português, que é língua de ritmo trocaico ou grave. Ex.: Atravessaste no silêncio escuro A vida presa a trágicos deveres E chegaste ao saber de altos saberes Tornando-te mais simples e mais puro. ( Cruz e Souza ) No caso, são graves todas as rimas do quarteto: escuro com puro, e deveres com saberes. Aliás, nos sonetos de Cruz e Sousa, todas as rimas são sempre graves, ajustando-se bem ao ritmo predominantemente trocaico de nossa língua. Nos Lusíadas, Camões escreveu 8.616 versos, apresentando apenas 471 com rimas agudas. Os números são eloqüentes, indicando a predominância da rima grave ou do verso de base paroxítona em nossa língua. Esdrúxula, quando os vocábulos em rima são proparoxítonos, tipo pouco freqüente em nossa língua. Ex.: Solar de luz de escadarias mágicas! palácio claro! ergui-te a tanto esforço que as tuas salas me parecem trágicas e o teu zimbório pesa-me no dorso! (Murilo Araújo) No caso, são esdrúxulas as rimas do primeiro com o terceiro verso: mágicas e trágicas. Rima completa e rima incompleta Quanto à estrutura fonológica, a rima pode ser completa ou incompleta. É completa (rima consoante), quando a homofonia é, ao mesmo tempo, vocálica e consonântica, a partir da vogal tônica. Ex.: Vai-se a primeira pomba despertada Vai-se outra mais ... mais outra ... enfim dezenas De pombas vão-se dos pombais apenas Raia sanguínea e fresca a madrugada. (Raimundo Correa) No caso, despertada rima com madrugada, e dezenas rima com apenas, não havendo coincidência das consoantes de apoio da vogal tônica. Aliás, quando se verifica essa coincidência, há certa monotonia nas rimas, como se vê neste exemplo de Goulart de Andrade, aliás pouco seguido nessa inovação de origem francesa: De pé, no promontório, encravado na bronca penedia, onde o mar atropelado ronca, ribomba, estoura, estruge, espouca, estronda, esbarra, abandonado avulta o vigia da barra! Õ naus, podeis entrar! Podeis vir, exilados peixes que leis buscar abrigo em outros lados Veja-se ainda este exemplo de Alberto de Oliveira: Outrem é que devia ser o eleito, Não eu, eu que a adorava antes de vê-la, Eu que a chamei chorando de meu leito ... A rima é também completa quando a homofonia é só vocálica, por não haver consoantes após a vogal tônica. Ex.: Amo-te, ó cruz, até, quando no vale Negrejas triste e só, Núncia do crime, a que deveu a terra Do assassino o pó (Alexandre Herculano) No caso, há somente homofonia vocálica na rima de só com pó. A rima é incompleta quando há homofonia vocálica e diversidade nas consoantes, sempre a partir da vogal tônica (rima assonante) . Ex.: Em minha mão, mais fresca que uma concha, suspende aos olhos do Senhor as lágrimas de fel da pobre monja que amou demais o seu amor. (Guilherme de Almeida) No exemplo acima, os vocábulos concha e monja apresentam homofonia vocálica: [ õ ] e [ a ] com diversidade de consoantes. Quando há homofonia consonântica e diversidade vocálica, a rima também é incompleta. Ex.: Do século das letras lusitanas, e nas páginas férteis dos latinos. (Almeida Garret) No caso, os vocábulos lusitanas e latinos apresentam homofonia consonântica: [ t ], [ n ], e [ s ] mas diversidade vocálica. Veja-se ainda este exemplo de Fernando Pessoa: Não só vinho, mas nele o olvido, deito Na taça: serei ledo, porque a dita ... Além desses casos, há um tipo particular de rima incompleta, caracterizado pela variação da vogal tônica, e a que daremos o nome de rima contra-assonante em harmonia vocálica. Ex.: No cais batido de ventos, os bêbados cambalearam. Nas ruas mortas, os bêbados entre sombras se perderam. Tateantes, cansados, trôpegos, das angústias que beberam, os bêbedos, cambaleando, pelas estradas erraram. Depois, caídos nas poças, nos valados, nas sarjetas, fundamente adormeceram. O mundo ficou distante, as estrelas se apagaram. E eles nada mais sofreram... ( Tasso da Silveira ) No soneto acima, em versos de redondilha maior, vocábulos em -aram rimam com vocábulos em -eram, variando a vogal tônica. |
MÉTRICA |
Em nossa língua, segundo a contagem usual em nosso ensino, há versos de uma a doze sílabas. São mais freqüentes os versos de redondilha menor (cinco sílabas); de redondilha maior (sete sílabas); o decassílabo (dez sílabas); e o alexandrino (doze sílabas) . Os versos de uma sílaba e os versos de mais de doze são raros. Nos de uma a sete sílabas, não há acentuação tônica interior em lugares fixos, ao contrário do que se verifica nos versos de oito a doze sílabas. Note-se ainda que os versos ímpares são nativos na versificação peninsular, enquanto os versos pares são importados. Exemplifiquemos: Versos de uma sílaba (monossílabos): quebra queima reina dança sangue gosma... ( Mário de Andrade ) Esquema dos versos: óo. Ritmo trocaico ou grave. De fato, cada verso é uma célula métrica ou rítmica de duas sílabas. Por ai se vê que o abandono da sílaba átona final parte a célula poética no meio, não se ajustando bem o sistema francês à nossa versificação. Temos que adotar tal critério, entretanto, por motivos de ordem didática. Como curiosidade, veja-se ainda o seguinte soneto de Hilda Reis Capucci, todo ele em versos monossilábicos: ANTE UMA JOVEM MORTA Que Linda! E Finda. E Pó! Que Dó! Flor Sem Côr! Jaz Em Paz! Observação: Pela contagem espanhola, que tem como base o verso grave, nas terminações agudas se conta uma sílaba a mais. No verso de terminação esdrúxula, uma sílaba a menos. O critério de contagem silábica, assim, depende do ritmo acentual da língua. Se fôssemos adotar, como seria mais próprio, esse critério em Português, teríamos que acrescentar mais uma sílaba aos versos de terminação oxítona no soneto acima. Pela contagem francesa, em vigor entre nós, os versos do soneto são monossilábicos, abandonando-se as sílabas átonas finais. Versos de duas sílabas (dissílabos): Também raros, imitam o ritmo da valsa, como neste exemplo de Casimiro de Abreu: Na / val / sa Que en / can / ta Teu / cor / po Ba / lan / ça. Esquema: o ó o. Ritmo anfíbraco. Observe-se que o abandono da sílaba átona final, como preceitua a contagem francesa, quebra a unidade da célula métrica anfíbraca, que se caracteriza pela existência de uma sílaba tônica entre duas sílabas átonas. Na língua francesa, que é de ritmo iâmbico ou agudo, tal contagem é perfeitamente normal. O mesmo não se dá, como vemos, em relação à nossa língua, que é de ritmo trocáico ou grave, como a espanhola. |
* Trabalho de pesquisa - Pinhal Dias |