"BIOGRAFIA" |
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"Rogério Pires" |
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«Poesia é o alento da alma» |
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Rogério António Macieira Pires – “Rogério Pires” é o seu nome literário – nascido a 17 de Maio de 1963 - Natural de Santiago de Montalegre – Santarém. Poeta amador, escreve especialmente para a família e amigos. Faz prosa e poesia para manter a sanidade neste mundo cada vez mais louco. Brinca com as palavras, com mimos e carinhos, por vezes até ficam esquecidas na gaveta. Chora e ri enquanto as harmoniza. Por vezes faz o verso, outras vezes o verso faz-lhe a si. Fala de sentimentos, de amores e desamores. Exacerba as paixões e mistura-as com desilusões. Faz pesca desportiva e gosta de música portuguesa. Faz edifícios por profissão. Escreve poesia para se manter são. As palavras são os seus tijolos da razão. Actualmente é membro de “Confrades da Poesia” – Amora / Portugal. |
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Bibliografia: | |
Não tem livros editados | |
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Amigo
Quantas vezes te vi só e não fui capaz de te amparar. Quantas vezes procuraste um abraço e eu não to soube dar. Perdoa-me meu amigo. Era cego, agora eu sei. Não notei que choravas. Não reparei nas lágrimas nem nos prelúdios de dor. Quando ausentaste as palavras não te soube escutar nos silêncios. Quando infeliz te refugiaste nas sombras da tristeza eu já não te alcancei. A noite desceu sobre ti. Secou os caudais que derramavas, só, nas longas noites de aflição. Encontrei-te então; mas mais não eras que um muro de solidão. E partiste. Partiste naquela viagem da qual não se consegue regressar. De que me servem agora os abraços que nunca te cheguei a dar? As lágrimas que derramo por não ter notado a tua aflição? Perdoa-me amigo. Era cego, agora eu sei. Desculpa-me pelas lágrimas que não te soube enxugar. Por todas as vezes que tu me disseste “fica” e eu abalei. Rogério Pires – Seixal Crime de amor Nós éramos o casal se beijando na esquina do supermercado O jornal falou que beijo tamanho preencheu a rua e toda a gente reparou que o beijo se prolongou até haver um acidente E agora dois delinquentes escondidos em grutas quentes ouvindo o mar num meigo balouçar quando as suas ondas a rocha vêm tocar Alimentamo-nos de maresias matinais brilhantes como cristais de giestas em flor de beijos e de amor Aqui vamos viver sem ninguém saber sem ser a noite estrelada pela lua iluminada e o mar sempre a murmurar Ficaremos escondidos até alguém notar que nus nos banhamos nas noites de luar e que em esteiras de luz as estrelas cadentes connosco vêm brincar Rogério Pires – Seixal Pedaço de terra e mar Para além de mim só existe o mar. É lá que a sapiência das palavras vou buscar. É lá que abro o coração e me recolho no silêncio que só os puros conseguem escutar. A minha mente é uma torrente de águas famintas entaipadas em baías serenas. Carrego na alma a singeleza dos dias simples. É no seu regaço que me recolho e é na sua humildade que me embalo nas noites de dúvidas insidiosas. É na simplicidade das coisas que rio e que choro. É ali o porto de águas mansas onde ancoro. Onde me refresco e me acaloro. Para além de mim só existe o mar. Nestas escarpas alcantiladas ouço dele todas as melodias naturais que os meus ouvidos conseguem escutar. São pedaços. Excertos de momentos que não passaram de instantes. É nos meus bolsos que guardo os fragmentos de todas as manhãs que vivi. São minúsculas gotas de orvalho que pingam e molham as pétalas das flores que florescem nas húmidas madrugadas consagradas ao amor. Eu existo nesta falésia sobranceira ao mar. Sou a razão de existir pensamento. Sou um andarilho do tempo. Sou o vento que canta com o mar. Sou a voz das marés, sou a vaga altaneira. Sou todo e cada grão de areia. Para além de mim só existe o mar. Para além do mar só existe a serenidade. Para existir serenidade tem de existir amor. Rogério Pires – Seixal |
Cacilheiro
Continuamente abanado Pelo Tejo encapelado Vê as pessoas a passar Apressadas sem parar O velho cacilheiro Já não pode navegar Mas estrebucha e braveia Solavancando sem cessar Quer partir as amarras Sonhando poder amarar Ou voar como as gaivotas Que lhe pousam no convés E que alando asas ao vento Ondeiam pelo firmamento Mas continua amarrado Velho, sujo e enferrujado Com a tinta a descascar Já não voltará a zarpar Nem vai conseguir voar Como a gaivota atrevida Que dele faz sua dormida Mas sonha; sonha que talvez um dia Sobrevenha tão grande temporal Que force e quebre as grilhetas Que o ligam ao cais do Ginjal Então partirá com as gaivotas Forçando as exaustas cambotas Numa derradeira viagem homérica Motores rugindo de forma colérica Sulcando o rio que tão bem conhece E de cuja fúria escarnece Chegado ao Cais do Sodré Atracará de marcha à ré O velho marinheiro chorará E extasiado gritará: “Venham; venham ver” “O velho cacilheiro voltou” Rogério Pires – Seixal Viagem ao passado Parto pela chuva que já caiu. Vou sedento e caminho descalço Carrego comigo a nostalgia embrulhada num fraco lamento Parto na aflição de conseguir lavar a alma de toda a dor E encontrar um sítio que acoite este peregrino sofredor Certezas? Apenas a certeza de que sou feito de saudades Que me doem a carne e os ossos. Que me dói o pensamento Que numa espiral de melancolia me desfaço em vento É nas longas noites de insónia que me dou conta de que nada mudou De que a existência não pára e apenas mais algum tempo se escoou Reflito na vida e apenas vejo uma chama açoitada pelos ventos Estremece, dobra-se, muda de rumo em ferozes movimentos Mas os tempos esvaem-se. Tal como a cinza que a chuva desfaz Por isso tenho que partir em busca do que deixei esquecido Em algum lugar, num tempo ocorrido muitos invernos atrás No inverno em que a minha alma desapareceu de mim Quando as chuvas me viram partir em passo apressado Ela ficou quieta. Falou-me do aroma de lírios e jasmim E eu ri-me em resposta. Agarrei na trouxa e parti O vento trouxe-me lamentos sofridos mas nem uma palavra reti Para a reaver terei de rebuscar algures no meu passado Não! Não a quero de volta. Somente lhe quero implorar Que me encontre outro caminho que seja menos inclinado E que não tenha tantas pedras onde eu possa tropeçar. Rogério Pires – Seixal Sereia Eu te vi sereia Deitada na areia Banhando-te no luar Refletido pelo mar Eu te vi mensageira Quando tu brejeira Na praia ficaste nua Iluminada pela lua Eu te vi anjo-do-mar Feita de ondas a vagar Brincavas com as estrelas Eras também uma delas Eu te vi Deusa marinha Quando brincavas sozinha Desenhando com luar Esteiras de prata no mar Mas quando o dia amanhece Tudo o que eu vi desaparece Só resta na areia molhada A tua pegada marcada Todas as noites regressarei E a ver-te ao luar continuarei Talvez que uma noite o mar Me peça para contigo brincar Rogério Pires – Seixal |
"CONFRADES DA POESIA" |
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