"BIOGRAFIA"

"Miraldino Carvalho"

Falecido a 31/12/2020

 

Miraldino Manuel Soares de Carvalho, nasceu em São Cristóvão (Montemor-o-Novo) a 16 de Março de 1937. Foi durante a Infância que tomou conhecimento da traça poética, quando durante os serões de Inverno, ouvia à lareira as pessoas declamar quadras, versos e prosa. Desde então adquiriu o gosto pela poesia e, aos 16 anos, compôs os primeiros versos dedicados à namorada. Até aos 21 anos foi trabalhador rural e depois de ter cumprido o serviço militar ingressou na Siderurgia Nacional, onde aprendeu a ser maquinista de gruas e se manteve até 1967.    
No ano seguinte mudou-se para a empresa Tráfego e Estiva, tornando-se instrutor de gruas e depois encarregado, tarefa que desempenhou até 1999. Após ser reformado dedicou-se à poesia, (sua grande paixão tornando-se num poeta popular muito apreciado e estimado na região.
 Tendo adquirido a arte de poetar, transmitiu à sua família o gosto pela poesia, participando frequentemente nos eventos e tertúlias da região.
 Um dia, para seu gáudio, ofereceram-lhe um livro encadernado com as suas rimas.
 
É membro do Mensageiro da Poesia e do Boletim "Confrades da Poesia".
 
 
BIBLIOGRAFIA
 
"Passados duma vida modesta"

Vido Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=4_6TITseRTQ
 
UMA ÁRVORE ENVELHECIDA
 
Mote
Uma árvore envelhecida
Um certo dia caiu
No mesmo sítio nasceu
Outra que floriu
 
      I
No dia que ela caiu
Abandonada pelo vento
Causou certo lamento
A muita gente que viu
O lugar ficou vazio
Já era de pouca vida
Sua raiz foi colhida
Estava velha e doente
Não deu fruto nem semente
Uma árvore envelhecida.
 
           II
No mesmo sítio ficou
Outra mais produtiva
Assim ali se cultiva
Naquele lugar se plantou
Esta assim se formou
De outro modelo e feitio
A outra não tinha brio
Por ser velha demais
No tempo dava sinais
Um certo dia caiu.
       III
Este lá uma oliveira
Árvore muito conhecida
Fez a sua despedida
Depois da vida inteira
Veio duma terra da beira
Mas cá se desenvolveu
O fruto que ela deu
Não era o desejado
Outra ali ao lado
No mesmo sítio nasceu.
 
             IV
A outra que ali nasceu
É de outra qualidade
Dá fruto em liberdade
Já muita gente comeu
No tempo ela cresceu
Da outra se distinguiu
No tempo conseguiu
Veio para ficar
Naquele mesmo lugar
Outra que floriu.
 
 
 
Amigos quando arranjares
(Décima)
 
Mote
 
Amigos quando arranjares
Não contes o teu passado
Quando o amigo se perder
Tu verás o resultado
 
   I
Quando na vida se está bem
Na maneira de viver
Logo procuram saber
De que lado é que te vem
Por isso nunca convém
Passes lá o que passares
No dia dos teus azares
Se lhes pedires ajuda
Às vezes tudo se muda
Amigos quando arranjares
 
     II
Em casa ou no emprego
Na rua ou no café
Ou vizinhos ali ao pé
Não contes o teu segredo
Não é que tenhas medo         
É um direito sagrado
Guardar não é pecado
Não contes as mentiras
Às outras criaturas
Não contes o teu passado
 
   III
Tudo o que for falado
Depois se faz notícia
Às vezes com a malícia
Aonde não é esperado
Depois ficas admirado
Quando te vêm dizer
É sempre bom conhecer
É uma realidade
São as regras da verdade
Quando o amigo se perder
 
   IV
Se um dia tiveres a sorte
No jogo seres premiado
Tu és logo procurado
Por um amigo mais forte
Dão-te logo outro porte
Logo te pedem emprestado
Amigos por todo o lado
Eles nunca faltaram
Aprende esta lição
Tu verás o resultado
ESTE HOMEM VAI FALAR
 
Mote 
Este homem vai falar
Tem muito para dizer
Lembranças de um passado
Que não consigo esquecer        
 
   I
No monte aonde nasci   
Muito longe da aldeia
Comia à luz da candeia
Foi lá que eu cresci
Mocidade não vivi
Cedo fui trabalhar
Assim não pude estudar
Por falta de condições
E por estas razões
Este homem vai falar
 
   II
Eu não tinha profissão
Era trabalhador rural
Era a base principal
Para ganhar o meu pão
Em qualquer ocasião
Muito eu tinha que fazer
Não podia responder
Às ordens que recebia
Era assim que eu vivia
Tenho muito para dizer
 
   III
Trabalhava todo o ano
Férias nunca havia
Não tinha uma garantia
Para fazer um plano
A vida era um engano
Era assim em todo o lado
Sentia-me escravizado
E não podia falar
Tinha que me sujeitar
Lembranças de um passado
 
   IV
Transporte não havia
Para me poder deslocar
A pé tinha que andar
Algumas vezes corria
Era assim o dia a dia
Ninguém queria saber
Levei a vida a sofrer
Sem nada a meu favor
Lamento a minha dor
Que não consigo esquecer

 

 

"CONFRADES DA POESIA"

www.osconfradesdapoesia.com