"BIOGRAFIA" |
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"Maria Ivone Vairinho" |
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Maria Ivone de Jesus Pinto Manteigueiro Vairinho
nasceu na cidade da Covilhã.
Foi aluna da Escola Industrial e Comercial Campos Melo, tendo
sido a melhor finalista do seu curso e a melhor aluna da
Escola. Completou os cursos de "Formação Geral do Comércio" e
"Complementar do Comércio". Cursos do Instituto Britânico e da Alliance Française É diplomada pela Escola Pittea em estenografia portuguesa, francesa e inglesa. Ainda espera concluir o curso de Literatura Portuguesa, que interrompeu por doença grave. Durante 39 anos, foi funcionária da Sacor , depois Petrogal (hoje Galp Energia) devido à fusão de quatro empresas - Sacor, Sonap, Cidla e Petrosul. Tem muito orgulho na sua carreira profissional, pois foi sempre promovida através de concursos internos e externos, terminando a sua carreira profissional como Secretária do Conselho de Administração. LITERÁRIO Desde muito nova (15 anos) começou a escrever contos, peças de teatro, autos de Natal e poemas, que foram publicados em diversos jornais e revistas, tendo ganho quatro primeiros prémios em contos (Kemba, a Gazela; Folhas Soltas do meu Diário, Conto de Natal e Carta de Amor para Minha Mãe) e uma menção honrosa em Poesia Lírica no I Concurso Literário da SACOR.. Traduziu muitos livros de Espanhol, Francês e Inglês (entre eles a série Dallas da Televisão e Robinson Crusoe). Obras publicadas: ROMANCES Linhas Trocadas, Amor Cigano (1ª e 2ª Edição), Humilhação de Amor, Uma Mulher Moderna (esgotados) POESIA Livro da Dor e da Esperança ( VEGA - Outubro de 1999 - com prefácio de António Alçada Baptista). Foi colaboradora da "Crónica Feminina", nos seus anos de ouro, desde 1957 a 1982. Também foi colaboradora do jornal "Poetas & Trovadores" e participou em 8 Antologias da ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE POETAS. Tem muitos poemas publicados no Notícias da Covilhã, Cyberletter, revista da APAE-Campos Melo e Boletim da Associação Portuguesa de Poetas A sua Bio-Bibliografia foi incluída no livro de José Mendes dos Santos "Escritores do Concelho da Covilhã" (página 196 - edição de 1997) Na Revista Cultural Florinda, edição da Câmara Municipal da Covilhã, no número dedicado aos Poetas do Concelho, foram publicados quatro poemas de sua autoria. O seu curriculum, mais alargado, foi incluído na rubrica "Artistas da nossa Terra", de Manuel Vaz Correia, que ao longo de dois anos foi publicada semanalmente no jornal "Notícias da Covilhã" e deu depois origem ao livro com o mesmo título, edição da Câmara Municipal da Covilhã, em 1998. ARTÍSTICO O seu contacto com o palco deu-se no teatrinho do Salão Paroquial da freguesia de S. Pedro, na Covilhã, onde disse poesia, cantou e representou peças de sua autoria. Com guião e direcção do Padre José dos Santos Carreto, foi a protagonista do filme "Dois Caminhos" , que relatava a luta de uma jovem operária, militante da JOC, na defesa da dignidade da mulher no mundo do trabalho. Pertenceu ao Grupo Cénico do Orfeão da Covilhã. Sob a direcção de Carlos Correia, Dra. Maria da Ascensão Albuquerque Duarte Simões e Luís Ferrer representou vários autos de Gil Vicente, Almeida Garrett, Júlio Dantas, José Régio e Luís Stau Monteiro. No intervalo entre a 1ª e 2ª partes da actuação do Orfeão, dizia poemas. Foi "Maria" no "Natal Beirão", da autoria do maestro Padre Mateus das Neves, e "Covilhã" na apresentação do folclore beirão nos espectáculos do Orfeão, que acompanhou nas suas deslocações a Santarém, Tomar, Abrantes, Guarda , Tábua... Colaborou em concertos da "Pró-Arte", dizendo poemas ilustrativos de diversos andamentos de Sinfonias de Beethoven. Dos muitos recitais de poesia que deu no concelho da Covilhã, destaca o seu poema "Lua Branca em Céu de Agosto", dedicado à Covilhã, dito no Dia da Cidade no Salão Nobre dos Paços do Concelho e os poemas do Padre Moreira das Neves e Maria Alberta Menéres ditos na Sessão Solene das Comemorações Marianas, que se realizou na Covilhã e foi presidida pelo Cardeal D. Fernando Cento, Núncio Apostólico em Portugal. Com o pseudónimo de Ivone Beirão, em 1958 pertenceu ao Centro de Preparação de Artistas da Rádio. Sob a orientação do Prof. Motta Pereira, gravou programas nos estúdios da Emissora Nacional, na Rua do Quelhas, e estreou-se num Serão para Trabalhadores no Pavilhão dos Desportos no Parque Eduardo VII . Nessa altura, teve também lições de arte de dizer com Manuel Lereno. Pertenceu ao Grupo Cénico da Casa do Pessoal da SACOR e sob a direcção de Carlos Pinho colaborou em diversos Saraus de Poesia. Sob a direcção de Ruy Furtado, representou "A Muralha", de Calvo Sotelo, "Súplica da Cananeia", "Auto da Alma", "Auto de Mofina Mendes" e "Pranto de Maria Parda", de Gil Vicente. Representou nos Teatros da Trindade e Luísa Toddi e nas instalações da Sacor em Cabo Ruivo, Porto e Faro. Maria Ivone Vairinho foi Presidente da Direcção da APP, desde Março de 2002 a 14 de Maio de 2011. Não se recandidatou a novo mandato e, em 14 .05.2011, em AG dos associados da APP, foi-lhe conferida a categoria de Sócia Honorária. Directora do Boletim da Associação Portuguesa de Poetas, é da sua inteira responsabilidade a Concepção Gráfica e Composição Informática . Responsável pelo Grupo de Jograis da APP - seleccionando e ensaiando os poemas. Há quatro anos, na Academia Cultural para a Terceira Idade de Oeiras, dá aulas de "Ler...e Dizer - Oito Séculos de Literatura Portuguesa/Poesia". É sócia da Associação Portuguesa de Escritores, da Sociedade Portuguesa de Autores, da Associação Fernando Pessoa e da APAE - Campos Melo (Covilhã). Actualmente é membro de "Os Confrades da Poesia". |
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ABRAÇA-ME APENAS
(Para meu Marido
2 de Outubro de 1961/2 de
Outubro de 2006)
Abraça-me apenas Com toda a ternura Que teus braços sejam Cadeia segura. Deixa que assim Deste meu jeito A minha cabeça Repouse no teu peito. Aqui estou protegida Deixemos lá fora a vida Com seus ódios e rancor. Tudo é paz, serenidade Águas mansas, tranquilidade Abraça-me apenas, meu amor. MÃE-TERRA Anoitecia Quando cheguei. Cansada, triste, sozinha Entrei na casa sombria. O silêncio era palpável De um peso insustentável. A tua cadeira vazia Pareceu-me pesada, fria. Faltava-lhe a moldura Do teu sorriso Das tuas mãos Deformadas e velhinhas Onde morava o refúgio Para a minha solidão. A casa não era a mesma Tinhas levado contigo A alma e o coração. O silêncio fez-se maior. No corpo senti o gelo Das paredes de granito Tapei a boca A sufocar um grito. Todas as luzes abri O aquecimento liguei Mas nada me aquecia Havia hostilidade Na sala de ti vazia. A brancura das paredes Tinha uma luz crua Que quase me agredia. Na parede do quarto Donde fugira toda a luz O Cristo amargurado De espinhos coroado Pareceu passar para mim O peso da sua cruz. Meti-me na cama,gelada, Confusa, amargurada Triste, mais triste Que a noite mais escura. E o relógio compassado Ia descontando as horas Dum sono sobressaltado. De madrugada, O sol veio brincar Nas persianas descidas Pondo centelhas doiradas Na cal viva das paredes. Em ouro, foi desenhando, Na colcha da minha cama, Rendas de bilros delicadas. Um pássaro cantou No beiral do meu telhado No quintal o galo lançou Um cró-cró desafinado. Abri de par em par A janela do meu quarto E por ela vi entrar O azul intenso do céu (Lembrando os olhos teus) O ar puro da Serra A luz doirada do sol Das tílias o perfume O cheiro forte da terra. O Zêzere, lá ao fundo Era fita prateada As montanhas sentinelas No horizonte perfiladas. A casa encheu-se de luz O Cristo de espinhos coroado Com ar doce e resignado Retomou a sua cruz. À distância de um abraço Tinha uma doce velhinha Com olhos da cor do céu. Acordara de madrugada Sentira a minha chegada Esperava um beijo meu. Oh minha Mãe! Oh minha Terra| Conjugação do verbo amar Fonte da água viva Que dá forças para lutar. Também eu sou de granito Desafiando o infinito Mas em ti, junto de ti Reconciliada com a vida Já não me sinto perdida. Minha Mãe-Terra Meu útero, meu lar Abre-me os braços Dá-me o teu regaço Quero descansar. |
ROSA, CARDO, ROSMANINHO (MINHA FILHA) Um homem, uma mulher Pelo céu foram ungidos No momento do querer Almas e corpos unidos. A semente germinou Violeta, malmequer Flor que abriu, desabrochou Com perfume de mulher. Água pura da nascente Chuva forte e também mansa Mar de fogo em sol poente Arco-íris da esperança. Brasa quente da lareira Brisa que refresca o rosto Sol que vem bailar na eira Lua branca em céu de Agosto. Rouxinol em melodia Trinando no meu telhado Pomba, águia, cotovia, Gaivota no voo planado. Raízes fundas no chão É formiga a labutar Cigarra numa canção Se tem asas para voar. Rosa, cardo, rosmaninho Tão singela no seu jeito Poema de amor e carinho De todos o mais perfeito. HORTO DAS OLIVEIRAS -Como foi Job eu não sou Nem tenho a fé de Abraão Náufrago que em mar vogou Sem tábua de salvação. Não grito não esbravejo Nem costumo me queixar Mas tenho dentro do peito Lágrimas mil por chorar. Pela angústia dominada Neste futuro adiado Há medo que me tortura E não desejo mais nada: Que de mim seja afastado O cálice da amargura. SERRA DA ESTRELA Meu corpo foi talhado em granito Meus pés plantados em ribeiros Que me banham o corpo inteiro. Nos olhos tenho espaço infinito Que rasga a linha do horizonte Que se perde no mar, nos montes. No meu véu branco de esponsais Brotam zimbro, mimosas, tojais. No verde selvagem dos pinheirais Meu manto de rainha foi tecido Com urzes e rosmaninho entretecido. Meu vestido verde bordado Com rubra barra de papoilas Espigas doiradas De trigo e cevada Desce pelas encostas escarpadas. No ventre fecundo Guardo mananciais De lava ardente e minerais Que mostram seu esplendor Nos picos das Penhas Douradas Quando o sol enamorado Em manhãs de ouro matizadas Crepúsculos avermelhados Me confessa o seu amor. Prendem-se minhas mãos nas fráguas Delas jorram cristalinas águas. Águas de lava arrefecida Fontes de saúde e vida Irrompendo em borbotões Tecendo rendas delicadas P'las quebradas dos Covões. Derretem neves do Inverno E loucas vão mergulhar No Poço que é do Inferno. A água das neves, gelada É de novo transformada Pela lava incandescente Rasga a terra com fragor Entre nuvens de vapor Nas termas e nas nascentes. Sou feita de neve e de granito Nos olhos tenho espaço infinito Do verde selvagem dos pinheirais No ventre fecundo mananciais De lava ardente e geladas águas Que jorram cantando pelas fráguas. POETA Ser poeta É bênção É maldição. Num desassossego De inquietação Na carne sofrer Dos outros a dor A alma desnudar Sem falso pudor. Num só verso Condensar o Universo. Em cada madrugada De corpo despido Abertas as veias Deixar jorrar A dor sublimada. Para ser feliz Precisar de nada. |
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"CONFRADES DA POESIA" |
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