"BIOGRAFIA"

 

«No Pódio dos Talentos» 1951/2015

«Faleceu a 30/08/2015»

"Luiz Eduardo Caminha"

 
 
Luiz Eduardo Caminha - nascido em Florianópolis em 04/10/51, dia de São Francisco de Assis, recebendo o grau de médico, em 1976, pela Universidade Federal de Santa Catarina. Fez Residência Médica em Cirurgia geral e Colo-Proctologia no Rio de Janeiro e Pós Graduação em Londres e Wiesbaden (Ex-Alemanha Ocidental). Em 1982, transferiu-se para Blumenau. É membro da Sociedade de Escritores de Blumenau - SEB e fundador do Capítulo Santa Catarina da SOBRAMES - Sociedade Brasileira de Médicos Escritores.

Sua paixão por escrever vem dos tempos de Primário, quando ainda se ensinavam aos alunos o que era uma descrição, uma interpretação, uma composição, mas aflorou em 1970 quando da aula magna proferida pelo poeta Lindolf Bell, no Curso de Artes e Comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina. Pensava em fazer Jornalismo, mas, com a transferência do Curso para Porto Alegre, desistiu e prestou novo Vestibular para Medicina. Foi Presidente da Associação Médica de Blumenau no biênio 1992/93, Secretário de Saúde de Blumenau entre 1993 e 1996, Presidente do Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde de 94 a 97 e Vice-Presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde de 93 a 97.
 
Atividades Literárias e de Jornalismo
 
- 1985 a 1989, editou, sozinho, o Jornal “Clarins do Vale”, impresso nas oficinas da Fundação Cultural de Blumenau.
- 1989 a 1992 Produtor e Apresentador do Programa Canal Livre no Rádio, na então Rádio União AM, Rede Fronteira de Comunicação de Blumenau.
- 1999 e 2002 Produtor e Apresentador do Programa Feliz Cidade, na TV Galega, Blumenau – Santa Catarina.
- 2000 a 2006 Produtor e Apresentador do Programa Stammtisch, na mesma emissora. Através deste Programa se iniciou o resgate da tradição dos “Stammtische” em Blumenau e em Santa Catarina.
- Foi um dos articuladores e organizadores dos Encontros de Stammtisch (Strassenfest mit Stammtischtreffen), já na 19ª. Edição.
- Seu conhecimento e pesquisas sobre esta tradição germânica, motivaram-lhe lançar um Sítio na Internet denominado “Stammtisch, Confrarias e Patotas” http://www.stmt.com.br, em 23 de Dezembro de 2005. Desde Abril de 2006 este “site” situa-se no 1º. lugar entre todas as referências mundiais para o termo “stammtisch” nos principais sítios de busca do mundo (Google, Yahoo, Cadê, MSN Buscas, Bing, entre outros).
- Março /2006 a Julho /2007, escreveu a “Coluna do Caminha”, no Jornal Folha de Blumenau e a coluna “Stammtisch blatt” para o Jornal Diário do Vale e para a Revista BTVocê.
- 11/09/2007 Inscrito como Jornalista no Serviço de Identificação e Registro Profissional – SIRP do Ministério do Trabalho, sob nº 2966SC
- 2008 - Coordenador Geral do III Encontro de Escritores do Portal CEN – Cá Estamos Nós.
2009 – “Coluna do Caminha” no Jornal Eletrônico “PressFloripa”, de Florianópolis Santa Catarina - http://www.pressfloripa.com.br/
- Desde Julho de 2006 pertence ao quadro de Escritores do Portal CEN “Cá Estamos Nós” – http://www.caestamosnos.org/
- Ocupa a Cadeira nº. 078, da Galeria dos Decanos do Conselho Acadêmico do Clube dos Escritores de Piracicaba;
- Membro e autor do Portal CEN - “Cá Estamos Nós”, e da Sociedade de Escritores de Blumenau – SEB.
-  Membro Titular do Conselho Estadual de Cultura de Santa Catarina
-  Membro de “Confrades da Poesia” - Amora / Portugal.
 
Participação em Antologias
 
- 1997, Coletânea “Florilégios Poéticos” da SOBRAMES; 2005 e 2006, Antologia Um Rio de Letras II e III da Sociedade Blumenauense de Escritores; 2006, Antologia “Asas e Vôos” da Editora Guemanisse, Rio de Janeiro;
2007, Antologias “Contos, Crônicas e Poemas” da Sociedade Blumenauense de Escritores; “Encontros” da Editora Guemanisse, Rio de Janeiro e “Hai-Kais em Setembro” – Projeto Palavras Azuis - Nova Letra, Gráfica e Editora - Blumenau – SC; 2008 – Organizador e Autor da Antologia do IIIo. Encontro Luso-Brasileiro de Escritores do Portal CEN; 2009, Estação Catarina, coletânea de contos e crônicas sobre o trem em Santa Catarina, organizada pela Escritora Fátima Venutti. II Antologia de “Os Confrades da Poesia” - Portugal
 
Participação e Prêmios em Concursos Literários
 
- 2006 - quatro contos/crônicas e três poesias pré-selecionadas no II Concurso Literário Guemanisse de Contos e Poesias; duas crônicas e duas poesias pré-selecionadas no III Concurso Literário Guemanisse de Contos e Poesias; Autor  homenageado com o troféu “Gigantes da Literatura Catarinense”
- 2007 - duas crônicas e duas poesias pré-selecionadas no IV Concurso Literário Guemanisse de Contos e Poesias; três crônicas pré-selecionadas I Concurso Guemanisse de Crônicas e Trovas;  MENÇÃO HONROSA por cinco trovas inscritas no I Concurso Guemanisse de Crônicas e Trovas;  2º. Lugar no Concurso de Crônicas e Poesias da Sociedade Blumenauense de Escritores – SEB, com a crônica “FELICIDADE”.
- 2009 - dois contos, “As borboletas voltaram” e “Felicidade” selecionados no 8º Concurso Literário Guemanisse de CONTOS E POESIAS; Poesias “Entrega”, “Já não sou eu”, “lágrimas da seca” e “Liberdade. liberdade” selecionadas no 8º Concurso Literário Guemanisse de CONTOS E POESIAS. 
 
Bibliografia:
- 1995 - “Reflexos”, poesias, Editora Letra Viva, Blumenau – Santa Catarina.
- 2007 - “Poemas”, poesias, “e-book” editado e publicado pelo Portal CEN – Cá Estamos Nós, de Portugal. - http://www.caestamosnos.org/Liga_Amigos_CEN/Luiz_Eduardo_Caminha/E_book.html
- 2008 - “Saboreando Crônicas”, crônicas, Nova Letra, Gráfica e Editora - Blumenau – SC
- 2010 - “Stammtisch, a (re)-invenção de uma tradição”, história, Nova Letra, Gráfica e Editora – NO PRELO.
 
Site.: http://www.stmt.com.br
Blog.: http://www.caminhapoetando.blogspot.com/
 
“verbum scriptum, veritas est...”

Aos Notívagos e Boêmios
 
R O D A  D E  V I O L A
 
O som,
Enche de romantismo,
O ambiente cálido
Da cantina acolhedora.
 
Lá está êle,
Cinquenta anos após,
A dedilhar as notas
Que lhe mandam o coração.
 
Olhos cerrados,
Cabeça inclinada,
Violeiro e Violão,
Misturam-se ao transe,
Da platéia; apoteose.
 
As mãos,
Aquelas mãos cheias de rugas,
Dedos finos,
Mostram um movimento frenético.
 
O toque suave,
Compasso a compasso
Sobre as cordas do violão,
Embaraçam solos e arpejos,
Maviosa sinfonia.
 
A seu lado,
Um copo de cerveja,
Um bandolim afinado,
Uma mesa vazia.
 
A platéia delira,
Canta contente :
Naquela mesa,
Êles sentavam sempre...
 
P.S.: Homenagem aos anônimos boêmios,
a Jacó do Bandolim e a Velha Guarda,
que fizeram da música brasileira, o roman-
tismo, que até hoje, embalou tantas décadas.
 
Luiz Eduardo Caminha

 

 
Amenidades
 
 
Coisas boas do Inverno:
Uma cama bem quentinha,
Um ar quente no máximo,
Um café de pelar a boca
...
 
Só prá continuar
Debaixo dos cobertores.
 
Nada disto é melhor
Que a areia leito de uma praia,
Um Sol de verão,
Uma água de coco bem gelada,
De doer os dentes.
...
 
Quem gosta de frio e neve
É pinguim, urso polar e esquimó!
 
 
 


 
Lua invernal
 


 
Até a lua,
Amante dos boêmios,
Companheira dos notívagos,
Se acoberta;
Agasalha-se de nuvens,
Névoa,
Neblina;
Esconde-se
Do frio gelado.
Mas está lá!
Pronta, à espera,
O poeta sabe.
 
 


 
Antípodas
 
 
Lareira,
Vinho tinto,
Fondue
...
Pra passar o frio.
 
De minha parte,
Prefiro:
 
Sol,
Cerveja gelada
(ou água pura),
E... churrasco.
 
Mais alegre,
Minha praia.
 
Luiz Eduardo Caminha,
 
 
Natal

Eu quis escrever Natal.
Num berço, uma gruta,
Um menino,
Emanuel,
Deus Conosco!

Eu quis fazer Natal!
Na calçada, na rua,
Um maltrapilho,
João, José,
Quem sabe?
O Homem desfigurado.

Eu quis entender Natal.
O homem imagem
Semelhança de Deus,
Ali, cheio de chagas,
Ferido
Ultrajado,
Mais parecia o Jesus da Cruz!

Eu quis pensar Natal,
Não ouso, não posso,
A dor, tristeza,
Não me permite,
A dura realidade,
Não deixa,
Que eu veja,
Deus, nos homens.

Ao lado do homem,
Uma criança,
Um cachorro sarnento,
Um brinquedo quebrado.

Suas mãozinhas afagavam,
Aqueles cabelos desgrenhados,
Sua fome balbuciava,
Papai, quero um pão.

Uma lágrima seca,
Marcava o rosto molhado,
Pela chuva da miséria.
Aí eu soube, compreendi,
Havia um Natal a construir.

Saio da pasmaceira,
Ergo os olhos aos céus,
Atravesso a rua,

Em meio a fogos,
Papais Noéis bordados,
A festa rolava numa casa.

Entro, grito,
Gente! Do outro lado da rua,
Eu vi o menino!
Eu vi Jesus!
Um prato, por favor,
Mesmo que seja de migalhas,
Quero entender o Natal!!!

Quero estender o prato,
Enxugar o pranto,
Dar feições àqueles seres,
Pobres, desvalidos,
Que nada têm.

Em meio à noite,
Madrugada alta,
A chuva, enxurrada,
A terra encharcada,
Treme.
Tudo desmorona.

Em poucos minutos, Tudo é igual,
Ninguém tem nada,
Como o homem,
Como a criança,

A lama, misturava,
Os pedaços de móveis,
Aos retalhos daquelas vidas,
Tudo se foi,
Água abaixo.

Todos, então, compreenderam,
Há um Natal a construir!!!

Luiz Eduardo Caminha
 
 
 
PRIMAVERA  DE  ASSIS
                    Luiz Eduardo Caminha
 
 
Cá de cima, bem acima,
De seculares campanários,
Silente, contemplo a viçosa paisagem
Da Umbria, planície.
 
Mercê de tamanho contraste (extasiado),
Com soberbas montanhas,
Verdejantes campos,
Sinto-me, como se por um instante,
Voar eu pudesse.
 
Nas asas do pensamento me movo,
Viajo errante por campos e pradarias.
 
O silêncio que grita,
Bem alto sussurra,
Na mente, me cria frágeis imagens,
Voláteis, alegres, saltitantes.
 
Pouco a pouco se delineiam,
Criam contornos moventes,
Enchem o ar de encanto envolvente,
Lépidos semblantes de jovens errantes.
 
Consigo entender, num instante,
O encanto magia, o sonho delirante,
Dum santo que, tanto, se fez presente
Nos humildes sonhos das gentes,
Pedintes, eternos joguetes,
Do jugo, da lascívia, da concupiscência.
 
A paz, que esta imagem toda me traz,
Me ouve cantar, me faz assentir,
Que algo maior, soberbo, pujante,
Incapaz de caber na minha mente,
Tocou este santo e um grupo de loucos,
Magos que foram do curso da vida,
Dominaram o mal, implantaram o bem.
 
Transbordantes de paz, como por encanto,
Transformaram sua visão fantástica,
Numa vida de entrega, louvores, serviço.
 
 
Ah! Francisco, Clara, Angelo, Antonio,
Como o que vistes tocou-vos tanto?!?
Ah!! Se eu pudesse viver um tanto,
Ah! Quem me dera entoar um canto,
Cultivar vossa paz, pregar vosso bem,
E, num apoteótico momento encontrar-vos todos,
Prá sentir no rosto o frescor suave,
Desta brisa amena que cá em cima sopra,
Materializa estas silhuetas,
Mágicos e doces contornos,
Brisa sopro que tocou vossas faces,
Vos fez sonhar e, sobretudo,
Vos fez apóstolos, das gentes, dos ideais,
Servos do serviço, dos servos servos,
Do Senhor nosso, vosso ... Deus!!!
                            Assis, 06 de Abril de 1997.
Ainda a saudade...
Orfandade
 

Eu não imaginava
Ficar órfão tão cedo.
Aliás, eu nunca
Imaginei-me um órfão.

Estou nos cinqüenta e oito,
Quase cinqüenta e nove,
Primeiro meu pai,
Tristeza, melancolia.
Depois um irmão,
Dor, sentimento.
Mas ainda tinha uma mãe.
O fel da dor compensava!

Daí... ela resolveu partir,
Bateu asas
Como um pássaro,
Uma borboleta
Foi ao encontro dos seus,
Do outro lado.

O velho útero,
Sacrário dos filhos,
Já não vivia.
O cordão umbelical
Definitivamente se partira.
Um silêncio ensurdecedor,
Eco de uma ausência.

Foi aí que senti a orfandade.
Ficou fácil entender saudade.
Tão fácil! Tão amarga!
Sem graça, senti-la!


 
 

 
Certo futuro funéreo do excluído
Espectro


 
Foto noturna,
Riscos de luzes,
Rasgos melancólicos,
Soturnas lembranças.
 
Lúgubres sombras,
Espectros famélicos,
Andanças perdidas,
Descoloridas!
 
Uma tela disforme
Retrata a fome.
Miséria cansada
Da exclusão.
 
Quem vai parir o amanhã?
Quem vai colorir a vida?
A Esperança? Último grito de Pandora?
Ou a certeza? Dum triste futuro possível?
 
A argamassa, massa dos pobres,
Pão amanhecido, amolecido
Pelo suor diário de desatinos.
Faina diuturna, sede insaciável
De Justiça... e Paz, enfim!
 
Um Sepulcro futuro e garantido,
Repleto de sonhos, sussurros,
(Caiado pela hipocrisia)
Resta como digno descanso!
 
Luiz Eduardo Caminha
 
 


 
Poesia


 
Que seja ela,
A poesia,
Firme como a árvore,
Embora estática,
Finca raízes,
Faz da seiva fruto
Doce cantar.


 
Todavia,
Que seja ela,
A poesia,
Como a água,
Que se move,
Corredeira abaixo,


 
Busca mar oceano,
Onde singram velas,
Horizontes sem fim!!!


 
Luiz Eduardo Caminha
 
 
 
 
Fontes


 
Lua cheia,
Estrelas faíscam,
Sol nascente,
Poente eterno,
Fontes inspiram,
Respiram,
Poesias.


 
Luiz Eduardo Caminha
 
 
 
 
 
Sonhos


 
Estás louco poeta?
Queres tu imaginar,
Que o imponderável
Acontece?


 
Sonha, sonha, oh! Poeta.
Ainda bem que dormes,
Melhor: existes.
E sonhas...
Poesias!


 
Luiz Eduardo Caminha
 

 

A B S O L U T O


Há algo,
Por mais que tente,
Entender,
Não consiga.

Algo sublime,
Maior que meu eu,
Acima de mim.

Espaço sem fronteiras,
Unidade sem limites,
Síntese do todo,
Universo sem fim,
Eterna Eternidade.

Há um Alguém,
Absoluto Maior,
Perfeição Maiúscula,
Que não compreendo,
Medroso que sou,
Que busco, admito,
Que sei , existe.

Há um vazio imenso,
Que enche espaços,
Que envolve tudo,
Absolutiza o todo.

Nele,
Deposito meu eu,
Deponho os meus,
Minha fé,
Minhas esperanças.

Há, sim, Alguém,
Que está dentro de mim,
Me ocupa, transporta,
Me envolve.
Alguém que preciso achar!
Está em mim... Eu sei!!!

 

Luiz Eduardo Caminha

 
 
 
 

"CONFRADES DA POESIA"

www.osconfradesdapoesia.com