"BIOGRAFIA"

"Liliana Josué"

 

LILIANA RODRIGUES JOSUÉ NUNES, nascida em 16 de Agosto de 1953, natural de cidade de Lisboa.

Autora de contos e poemas, sendo coautora do livro de poesia "DUAS GOTAS... A MESMA FONTE". Poemas publicados em Antologias: A Nossa Antologia ( APP) Clube dos Poetas de Paço de Arcos (Tertúlia com o memo nome), Quando as Flores Enfeitam os Ramos (Tertúlia Mensagem); Horizontes da Poesia II.

Colaboradora da "APP" - Associação Portuguesa de Poetas e de várias tertúlias, bem como de grupos na net ligados à poesia.

Actualmente é membro de “Confrades da Poesia”.

 
 
Bibliografia:
"Duas Gotas"
 
Sites:
https://poesiasoltanovento.blogspot.pt/

MOTE
(ENQUANTO OS OUTROS COMBATEM 
- SONETO DE ANTERO DE QUENTAL)
                   (Temático)
 
(Empunhasse eu a espada dos valentes!
Impelisse-me a acção, embriagado,
Por esses campos onde a Morte e o Fado
Dão lei aos reis trémulos e às gentes…)
 
GLOSA
Podia matar medos e cansaços
Fortalecer minhas mãos impotentes
Limpar a nuvem dos meus olhos baços…
Empunhasse eu a espada dos valentes!
 
Ser dono de mim próprio eu queria
Se não tivesse o espírito acossado
Na impertinência duma vida fria…
Impelisse-me a acção, do embriagado,
 
De vontade forte, corcel alado
No torpor de doces esperanças quentes
Por esses campos onde a Morte e o Fado
 
São eternos heróis, queridos entes
que com seu porte integro, aprumado
Dão lei aos reis trémulos e às gentes.
 
Liliana Josué - Lisboa
 
 
 
 
HOMENAGEM A CESÁRIO VERDE
(Temático)
 
O ideal romântico feminino
fez-te vibrar
pelo porte majestoso
e alvos rostos
mas no teu escrever muito alexandrino
logo reagias a esse marulhar
impetuoso
lembrando de imediato a tísica
mergulhada em doença e desgostos.
 
Poeta-pintor desta cidade em expansão
tão tua e tão distante…
mas sempre de ti inseparável.
Pintaste a debilidade física
com o realismo da tua visão.
Mas o campo com o seu bucolismo
também  enterneceu
esse teu sentir tão próprio.
DE TARDE, tudo tu Naturalismo
o campo soubeste bem enaltecer
em macios seios como rolas
enfeitados com ramos rubros de papoulas.
 
 
Liliana Josué - Lisboa
 
 
 
O MÉTODO DA DÚVIDA
 
A chuva pesa, o céu está negro
assim como tu!
Carregas lágrimas de chumbo
cor do segredo
que transforma o teu semblante.
Envolves-te nesse céu todo segredo
que te impuseste
numa obstinada pseudo consciência.
Mas a dúvida tolda tudo aquilo que quiseste:
Vida amorosa, doce, abençoada… .
Será que isso existe?
Estará toda ela assente em consistência?...
Sabes que não!
A vida é uma barca ameaçada
pela enorme vaga da imprecisão .
Caminha com cautela, mas sem medo
segura as tempestades dos Invernos
expulsando os escuros dias
e sai desse degredo.
Perscruta os gatos de olhos ternos
e tal como querias
explode em alegrias.
 
Liliana Josué - Lisboa
 
 
FERIDA ABERTA
 
No fastio de eternidades
há sangue solto no meu corpo
a ferida apoquenta-me o pensamento
na sua fragilidade de coisa viva
em movimento.
A marca vinca-se avermelhada
na pele branca e suada
do esforço por não senti-la.
A esperança cativa de medos
busca seu porto.
Longe, de mãos tentaculares, sem dedos
A teia descolorida e baça
das minhas palavras
procura asilo na vontade que foge.
É quando ergo a rubra taça
da minha verdade
e saúdo os enganados como eu.
 
 
 
Liliana Josué - Lisboa
A ARCA
 
 
Eu sou a Arca vagabunda
dos Oceanos.
Sobrevivente do Dilúvio
refugiada naquela água funda
salgada e fria.
Naveguei pelo mundo das aflições
e desenganos.
Raízes não criei em terra fértil
de verdes prados e rebentos pequeninos.
O mar tragou-me
mas dura arca me tornei
sem âncora nem destino.
Fui eu que assim o quis,
ou Alguém o decretou?

 

Liliana Josué
 
 
 
 
 
GLÓRIA
 
Eu pecadora me confesso
a mim própria
como juíza dos meus actos
num acesso de crença peremptória.
Ajoelhei no altar das frustrações
e roguei ao meu crer
todo poderoso
desejo de vencer as tempestades
do meu espírito rugoso.
Rezei por novas vontades
para criar céus e terra
e outras realidades.

Atendi-me e absolvi-me

Para todo o sempre
Ámen

 

Liliana Josué
 
 
 
 
 
Afastamento
 
Gostava de escrever o mundo
e cantá-lo ou chorá-lo
mas estou muito eu…
egoisticamente eu…
desesperadamente eu!
Quero estar comigo,
desenraizar-me deste lugar
e seguir não sei para onde.
Tudo em mim se desprendeu
deste ponto do universo.
Eu sei que nada está bem
que me estou a abandonar.
Escrevo um último verso
na despedida de mim e
talvez me encontre no fim…
 
Quem sabe… ?
 
 
 
Liliana Josué - Lisboa
 
 
 
 
 
Fado
 
 
Há fome
Há medo
Há sujidade!

A grande fadista canta a saudade
de qualquer coisa que não percebo
nem me interessa.
Com ela a esperança some
num arremedo de solidão.
O fado português em mim recebo
com enfado.
Suga-me a cor do rosto
e a alegria dos olhos.
Não tenho culpa…
não quero ter culpa!
Rejeito o desagrado causticante
deste fado
assim tão português!
 


Liliana Josué - Lisboa
 
 
 
 
 
 

"OS CONFRADES DA POESIA"

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