O MEU AMIGO FADO
Este embalo,
Esta dolência,
Este canto,
Esta excelência,
Que é do povo,
Mais valioso
Que a Monarquia
E a Presidência.
De velho
se faz novo,
Cada vez que passam
As cordas da guitarra
Sobre a sua eterna essência.
Veste-se de ganga,
Hoje, que é 5ª Feira.
Mas sem despir a Samarra,
está sempre à maneira
De ser bem recebido
Pela Excelência
E pelo Sem Abrigo.
Ambos, recebe em audiência.
Mantêm a coerência
Tem sentido
De Estado,
Este meu amigo Fado
Quem sabe se já o Bandarra
O tivera conhecido?
O Fado é também meu Amigo.
E eu agradeço-lhe
A paciência
para estar comigo
quando a permanência
do ruído da cidade
e da idade
se confrontam consigo
à Distância
De um 3º Andar.
E quase sem se notar
prevalece
até à eternidade,
que dura o dia seguínte
Com gente a dançar
À noite,
Abraçado à saudade.
E Comigo,
jantam,
e cantam,
Amália
Carlos do Carmo,
Mariza e Camané,
Fernando Maurício
João Pereira da Rosa,
Fernado Farinha
E viajamos pelos bairros
De todo o Mundo
Pois então
De verdade ..
O FADO
É Património da Humanidade,
Foi Deus,
Que por morrer uma andorinha,
Não deixou acabar a primavera
E revelou de quem era
A culpa desta tristeza
Que a fadista traz consigo.
Até fez o Rei revelar
um segredo de estado:
Gostava de Fado,
Ouvia-o, embuçado.
Até, que certa noite houve Alguém,
que tornou Fado Real
o lançou mais Alem
o meu Amigo Fado..
E se ao menos houvesse um dia
Em que apenas o ouvisse,
Nesse dia,
Minha alegria
Tinha chegado.
Afinal.
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CONFRADES...POESIA
Agora,
com mais, Mais -Valia,
A Confraria está no Dia-a-dia,
no tempo dos
Frades.Com.
Não é uma fantasia
É Real sem mordomia
e na História marca o tom.
Os
Confrades, estes,
são os
da Poesia
Que na NET e com a Tecnologia
Revelaram o seu dom.
Confrade…
Solidariedade
Confrade
Amizade
A mesma Verdade.
Memorial.
Para orgulho do Seixal.
Poesias……
Confrades……
Ousadias……
verdades
Pinhal Dias…
Vontades
Que se espalham
Pelo ciber espaço mundial
Confrade e poesia
Aqui ao lado?
Então está um Fado.
A dançar com a Maresia,.
sobre um teclado.
MENSAGEIROS E CONFRADES DA
POESIA.
Hoje em dia!
Quem diria?
A palavra
tanto é a arma mais poderosa,
Como o
remédio mais eficaz!
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Entrevista ao Confrade
José Jacinto – Janeiro 2010
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Os Confrades da Poesia – Como te chamas e onde nasceste?
JJ - Chamo-me: José Manuel da Cruz Vaz Jacinto e nasci em
Malanje - Angola.
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CP – Há quanto tempo compões Poesia?
JJ - Há 9 anos.
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CP – Consideras-te Poeta?
JJ - Ainda não. Não chamarei ao que fiz poesia.
Comecei por ensaiar algumas palavras com sentimento e saíram
umas quadras iniciais sobre a minha Rua de Malanje.
Surpreendi-me com o resultado, não só em termos de
substância, como do ponto de vista fonético, palavras que
rimavam no fim e que,lidas em voz alta, soavam bem ao
ouvido. À surpresa agradável da descoberta, juntou-se a
utilidade de servirem de meio de transmissão fácil dos meus
sentimentos, emoções, recordações, reclamações...
-
CP – Que representa para ti a Poesia?
JJ - Objectivamente (para o lado de fora), um meio de
comunicação especial com o "Outro", facilitadora da
manifestação do "EGO" (para o lado de dentro); lendo-a ou
escrevendo-a, é um bálsamo, é o peso que faz equilibrar a
balança do quotidiano sempre variável entre a felicidade e
angústia; a adversidade e a facilidade; a concretização e a
decepção; a multidão e a solidão; enfim, um fio de prumo que
me ajuda a estar de bem com a minha realidade. Acresce que é
um enorme divertimento. E muito inebriante também.
-
CP – Concordas com a afirmação: “O Poeta é um fingidor?"
JJ - Alguns talvez sejam, outros não. Ou então, nem
saberão que o são, ou não!
-
CP – Muitos dizem que os poetas são loucos e anseiam
mudar o mundo…
JJ - Poesia, loucura, ansiedade, mudança,
mundo... Tudo isto é comum aos que dizem às vezes o que não
querem dizer!... Pela sua essência o poeta permanece,
expondo-se; o observador, (leitor ou simples receptor do que
ouve em 2ª mão), pode sempre permanecer escondido atrás das
páginas ou misturado nas conversas. quando a diferença é
incompreendida e a inteligência comedida, a solução é
forjada e fica resumida à palavra lúcida da loucura - ( só
que é sempre a dos outros).
Os poetas não anseiam mudar o mundo, os poetas não pretendem
mudar ninguém. No entanto, sem dúvida, que mudam sempre. Mas
o que os poetas não querem nem deixam; é que os mudem. Se
alguém muda, é pela força da Palavra, mais do que pela
palavra Força. O início e a concretização de muitas mudanças
pelas quais a humanidade passou, se alimentaram e devem
ainda a sua permanência à veia dos Vates. - Obrigado, Luís
de Camões.
-
CP – Há momentos próprios para escrever, ou escreves a
qualquer momento?
JJ - Escrevo nos momentos em que chega a inspiração.
Alguns deles, até são geralmente impróprios. Depois, - caso
precisem e mereçam - procedo à arrumação dos escritos.
-
CP - A Poesia revela em ti uma cultura ou um Dom
Artístico?
JJ - Nem uma coisa nem outra. Apenas me revela como sou.
Não finjo nem invento. - Cabe aos Outros a revelação.
-
CP – De que Poetas recebeste influências?
JJ - António Aleixo; Cesário Verde; Fernando Pessoa;
Florbela Espanca; Vinicius de Moraes; Alda Lara; António
Jacinto; Viriato da Cruz; António Gedeão; Ari dos Santos;
António Nobre; Camões; Bocage; Carlos de Andrade.
-
CP – Quais são os teus Poetas favoritos?
JJ - Os que me influenciaram.
-
CP - A Poesia é um bem Universal?
JJ - Nesses termos, tanto pode ser a mais temível
"arma"(e fazer "mal"), como traduzir a forma mais pacífica
de a humanidade se manifestar e fazer "bem". Porém, em
qualquer dos casos só faz BEM. - É algo muito poderoso,
cujos efeitos são eternos. - É na Palavra que se alicerçam
todas as mudanças. Apenas à palavra a mente é permeável e,
se ao substrato se juntar púrpura poética, então o efeito é
"demolidor".
Penso que a poesia é conjuntamente com a Matemática e a
Música; a outra linguagem do Universo. O resto é subsídio. E
ainda bem.
-
CP – Tens livros publicados?
JJ - Tenho dois: "O MEU BAIRRO ERA AZUL" e "TRIÂNGULO
ATLÂNTICO*
-
CP – Qual foi o último livro que leste?
JJ - A Civilização do Renascimento, de Jean Delumeau.
-
CP – Sabemos que tens participado em alguns eventos
poéticos… Achas isso útil?
JJ - Concerteza. Eu pretendi que a minha singela
participação nesses eventos, servisse para chamar a atenção
dos ouvintes da importância da palavra, da poesia... enfim,
da Língua Portuguesa. Bem hajam os seus promotores.
-
CP – És a favor ou contra os concursos poéticos?
JJ - Sou a favor. E quanto mais rigor, maior valor.
-
-
CP – Achas que a Poesia está bem divulgada em Portugal?
JJ - Não! Basta entrar numa livraria e comparar. Basta ligar
a televisão e
reparar. Basta entrar na Escola e perguntar. Basta
perguntar...
-
CP – Tens mais algum hobby além da Poesia?
JJ - Motociclismo... Ouvir Fado...
-
CP – És contra ou a favor do novo acordo ortográfico?
JJ - A favor. É e já chegou tarde. Senão, ainda estava a
responder em Latim.
E a "PHARMÁCIA", porque se transformou em FARMÁCIA, nunca
deixou de cumprir. Além do mais, Portugal nunca parou no
Continente. É Mundial desde o século XVI. Se deu, merece
receber também o contributo dos contemplados. Foi sempre
assim desde que foi encontrado por fenícios, cartagineses,
romanos, visigodos, suevos, árabes, africanos,
sul-americanos, asiáticos...
-
O acordo põe finalmente TODOS a falar o mesmo PORTUGUÊS.
Finalmente a Língua Portuguesa é transnacional e "todos se
entendem à mesa". E Portugal só ganha com isso. A Pátria -
como diz o POETA É A LÍNGUA . O Território fica na História.
"E se, se quiser conhecê-la", Fernão Lopes não carece de
tradução. Precisa é de mais atenção, mesmo sendo lido no
"português dele". Em suma, a Língua Portuguesa só se
enriqueceu com as contribuições externas. Como todos
sabemos, o que se mantêm constante na vida é a mudança; o
que implica uma enorme capacidade de adaptação para se
sobreviver. Senão, extingue-se. A Língua é dinâmica; é
viva. O "português", por isso mesmo, ainda é falado e...
cantado num Fado. - O Acordo Ortográfico é pois, uma
garantia da sua eternidade e universalidade.
-
CP – Valorizas a amizade?
JJ - Muito. É - para mim - a maior riqueza que uma
pessoa pode ter.
A solidão é a mais temível das sentenças, que encerra o
Homem na mais cruel das prisões. De que valem milhões se, se
estiver sozinho? Coitadinho... Sem ter ninguém... nem para
lhe chamar isso.
O problema é que às vezes, quando a temos não a valorizamos;
quando a perdemos pensamos que nos aguentamos. Mas não.
Ninguém é feliz sozinho - como dizia o poeta.
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CP – Qual é a maior virtude e o pior defeito?
JJ - Virtude:"A humildade genuína". Defeito: "A mentira
pervertida".
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CP - O que mais aprecias numa pessoa?
JJ - A coerência e a sinceridade.
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CP – Como defines o amor?
JJ - Tanto pode ser tudo como não ser nada. Logo, é
tudo. O que almejamos, no fundo - no primeiro estágio da
nossa imperfeição - é sermos amados; mesmo que não amemos.
Dá-nos a efémera sensação de felicidade. Porém, se
conseguirmos amar - mesmo sem ser amados - a felicidade é
redobrada. Superamo-nos. O Mandamento Novo cumpre-se. A
teoria da existência está unificada e a razão dispensada.
«O Amor é o único Salvador da Humanidade».
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CP – Acreditas na existência de Deus?
JJ - Sim. Sem mais explicações.
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CP - O que levavas contigo para uma ilha deserta?
JJ - Uma ponte; para voltar para aqui.
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CP - O que representa para ti "Os Confrades da Poesia"?
JJ - Amizade, ousadia, pertinência, dedicação,
diferença, inovação, valor e naturalmente poesia.
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CP – Consideras útil este tipo de comunicação?
JJ - Sim; muito útil. Se não nos adaptarmos,
desaparecemos. A Revolução da Informação, não se compadece
com formas antigas de comunicação.
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CP - O que representa para ti o Boletim dos Confrades da
Poesia?
JJ - Um importante meio de divulgação cultural; que não
se quer apenas concelhio, mas internacional.
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CP – Achas que o Boletim está bem conceituado?
JJ - Sim. E assim continuará se mantiver a humildade e o
espírito de servir.
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CP – Podemos contar com a tua contribuição também nas
rubricas?
JJ - Com prazer, se para tal lhes for útil.
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CP – Para finalizar queres acrescentar mais alguma coisa?
JJ - Apenas, que o meu presente deve tudo ao meu
passado; à minha Gente e à minha querida Terra: Malanje.
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