"BIOGRAFIA" |
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"Helena Moleiro" |
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Isaura Helena Moleiro Pereira Coelho – nome literário “Helena Moleiro” nascida em Constância a 8 de Julho de 1933. Regista as suas memórias de infância e juventude na sua terra Natal. Viveu os tempos da guerra civil de Espanha e da fome que se sofria na época, em que tudo era racionado, até o pão. Quando fez a sua quarta classe aos dez anos, foi premiada com cem escudos, que nessa altura era já uma modesta fortuna. Aos treze anos já cursava a chamada “regente escolar”; onde na escola já se ensinavam alunos adultos. Também fazia parte do grupo de teatro amador da vila, assim como já escrevia canções que interpretava. Sempre assistida de uma veia artística, que começou muito cedo, pois riscava paredes e tudo onde pudesse, com carvão, ou cacos de barros, que encantavam quem passava e comentava: “aqui passou a Helena”. Dando continuidade a esses dons, aos dezasseis anos de idade veio para Lisboa estudar nas Belas Artes, na rua Barata Salgueiro. Mais tarde surgiu o convite de ir ensinar para África, largou tudo, e lá esteve quatro anos de vivências e histórias que muito a marcaram e nunca esqueceu. Regressou em 1952 com vinte anos, altura em que conheceu o seu marido, se enamoraram e casaram dois anos depois.A autora politicamente lutou pela vida. Antes do vinte e cinco de Abril, escrevia artigos de opinião no antigo Diário de Lisboa, onde alguns lhe eram devolvidos com o traço a lápis azul, da censura. Escreveu textos para teatros. Outra das suas paixões foi a pintura, com várias exposições a marcar presença artística. A poesia é a outra das suas grandes paixões de Helena Moleiro, que se entrelaça com as anteriores, num todo. Exposições: 1997 - Exposição na oficina da Cultura em Almada (coletica) 1998 - Exposição na Cooperativa Piedense 1999 - Exposição Central Tejo, Museu da electricidade * Exposição na Cooperativa Piedense - Exposição na Juventude da Galicia, Palácio Bulhosa 2000 - Exposição no átrio do Hospital Garcia de orta em Almada * Exposição na Galeria do Cine-teatro da Câmara Municipal de Constância, a convite do Presidente da Câmara Municipal, por ocasião das festas do Concelho * Pólo Cultural da Cova da Piedade 2002 - Pólo Cultural da Amora, Seixal * Sociedade Recreativa do Laranjeiro * Hospital Garcia de Orta * Posto de Turismo de Constância * Escola Profissional de Cacilhas * Festa do Avante Painel dos 25 anos da Festa: Hospital Garcia de Orta * 7º Aniversário da Associação Amigos da Cidade de Almada no Fórum Romeu Correia * 74º Aniversário do Clube Recreativo Piedense * Escola Octávio Duarte Ferreira Tramagal (actividades e festejos de fim de curso com exposição e intervenções em poesia alusiva aos trabalhos expostos: Crianças do Êxodo de Sabastião Salgado). 2003 - Exposição na sede da Associação dos Reformados pelo 9º Aniversário da Junta de Freguesia de Fernão Ferro. Desde 2003 que dá aulas de pintura e desenho no Pólo Cultural de Fernão Ferro. É membro do “Mensageiro da Poesia” e “Confrades da Poesia”; ambas em Amora/Portugal. É uma fã da “Rádio Confrades da Poesia”. | |
Bibliografia: | |
Possui muitas Obras ilustradas em exposição | |
Site.: http://www.confradesdapoesia.pt/Biografia/HelenaMoleiro.htm | |
Alto da Montanha Depois de vida tamanha Chegadas à alta montanha Miramos o horizonte! O que vivemos está longe Muito longe, Como uma névoa distante. Não dá pena nem saudade Saudade porquê? Do pão que não comemos. Do muito que sofremos. Sempre esperando um amanhã Que não veio, que não tivemos! Foram caminhos difíceis Que abrimos, desbravamos Teimosamente limpando Para todos os dias passar A vida a pulso conquistando. Foi muito? Foi nada? Foi o possível para aqui chegar Daqui melhor se vê o sol E de noite mais estrelas a brilhar. E como um sonho, perguntei Para lá o que há? Será que para lá, Temos lugar para morar? Um dia saberemos Partimos, voamos, sem regresso Depois de vida tamanha! Para lá da alta montanha! Helena Moleiro - Fernão Ferro Maravilhoso Mundo da Fantasia Descalça, vestido roto, Fugia de casa a correr, Só parava no nateiro, De encantos o meu paradeiro! Brincava e imaginava, Tinha flores no cabelo, E logo me via uma princesa Dum palácio encantado, Com sapatos de cetim E vestido bordado de renda. Era pastora na serra, Era veado num parque, Via-me uma guerreira, Já era Joana D’Arc! Dançava, em pontas, na relva, Até cair ou voar! Apanhava malmequeres Para, com eles, me enfeitar! Namorava laranjas de ouro, Não as podia alcançar! Comia grandes banquetes De azedas e amoras silvestres, Fingindo não ter fome, Enganando, assim, as horas. Arrepiava-me de medo, Quando ouvia os gritos aflitos De afogados no rio E não os podia salvar! Tinha remédio para as feridas Que da terra tirava, E que eu sabia curar! Curiosa, espreitava (supremo entanto!), As mouras sentadas À beira dos poços, Que, em pentes de ouro, Os cabelos lindos penteavam, Enfeitadas de belos mantos, E colares de grossas pérolas! Só estas coisas eu sabia e conhecia E a ninguém eu dizia! Todo o mundo belo e puro Encerrava aquele campo. E, de contente, sorria, Quando, extasiada, ouvia Dos grilos e pássaros seu canto, Que me ensinaram a cantar E conhecer seu encanto! Quando o nevoeiro do rio Saía como fumo gelado, Era hora de partir. Guardava os sonhos nos olhos E corria para casa. Amanhã voltaria, Saltitando de alegria, E levando, nos braços, a fantasia Com malmequeres aos molhos! Helena Moleiro – Fernão Ferro | …e era meio-dia! Tantans de luz e sombras, Brincavam na minha janela Como se fosse batuque Alguns em África distante! Tantans! O jogo de luz e sombra Dançavam alegremente Espreitando na janela Fui ver o que assim batia Era o pinheiro alto e imponente Que braincava com a ramada Com o sol e com o vento E era meio-dia Tantans de luz e sombra Brincavam na minha janela! Foi um momento tão curto Rápido como o pensamento, Mas tão grande como é a poesia Ou quando cheiramos um fruto Tantans de luz e sombra Brincavam na minha janela Trouxeram das distâncias do tempo Mares, desertos, Indias, Àfricas Cheiros e brilhos misturados no vento Nos tantans de luz e sombra E na dança do pinheiro A passarada cantava de poleiro Com cheiros de longe, tão longe Entrei num pequeno instante, Conheci o mundo inteiro! Imaginei em batuques Com tantans de alegria Não quis pensar em tristeza Onde ouvesse, pararia! Era um momento supremo, único E era meio-dia! E os tantans de luz e sombra na minha janela batia… Helena Moleiro – Fernão Ferro |
"CONFRADES DA POESIA" |
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