"BIOGRAFIA" |
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"Helena Moleiro" |
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Bibliografia: | |
Possui muitas Obras ilustradas em exposição | |
Site.: http://www.confradesdapoesia.pt/Biografia/HelenaMoleiro.htm | |
Alto da Montanha Depois de vida tamanha Chegadas à alta montanha Miramos o horizonte! O que vivemos está longe Muito longe, Como uma névoa distante. Não dá pena nem saudade Saudade porquê? Do pão que não comemos. Do muito que sofremos. Sempre esperando um amanhã Que não veio, que não tivemos! Foram caminhos difíceis Que abrimos, desbravamos Teimosamente limpando Para todos os dias passar A vida a pulso conquistando. Foi muito? Foi nada? Foi o possível para aqui chegar Daqui melhor se vê o sol E de noite mais estrelas a brilhar. E como um sonho, perguntei Para lá o que há? Será que para lá, Temos lugar para morar? Um dia saberemos Partimos, voamos, sem regresso Depois de vida tamanha! Para lá da alta montanha! Helena Moleiro - Fernão Ferro Maravilhoso Mundo da Fantasia Descalça, vestido roto, Fugia de casa a correr, Só parava no nateiro, De encantos o meu paradeiro! Brincava e imaginava, Tinha flores no cabelo, E logo me via uma princesa Dum palácio encantado, Com sapatos de cetim E vestido bordado de renda. Era pastora na serra, Era veado num parque, Via-me uma guerreira, Já era Joana D’Arc! Dançava, em pontas, na relva, Até cair ou voar! Apanhava malmequeres Para, com eles, me enfeitar! Namorava laranjas de ouro, Não as podia alcançar! Comia grandes banquetes De azedas e amoras silvestres, Fingindo não ter fome, Enganando, assim, as horas. Arrepiava-me de medo, Quando ouvia os gritos aflitos De afogados no rio E não os podia salvar! Tinha remédio para as feridas Que da terra tirava, E que eu sabia curar! Curiosa, espreitava (supremo entanto!), As mouras sentadas À beira dos poços, Que, em pentes de ouro, Os cabelos lindos penteavam, Enfeitadas de belos mantos, E colares de grossas pérolas! Só estas coisas eu sabia e conhecia E a ninguém eu dizia! Todo o mundo belo e puro Encerrava aquele campo. E, de contente, sorria, Quando, extasiada, ouvia Dos grilos e pássaros seu canto, Que me ensinaram a cantar E conhecer seu encanto! Quando o nevoeiro do rio Saía como fumo gelado, Era hora de partir. Guardava os sonhos nos olhos E corria para casa. Amanhã voltaria, Saltitando de alegria, E levando, nos braços, a fantasia Com malmequeres aos molhos! Helena Moleiro – Fernão Ferro | …e era meio-dia! Tantans de luz e sombras, Brincavam na minha janela Como se fosse batuque Alguns em África distante! Tantans! O jogo de luz e sombra Dançavam alegremente Espreitando na janela Fui ver o que assim batia Era o pinheiro alto e imponente Que braincava com a ramada Com o sol e com o vento E era meio-dia Tantans de luz e sombra Brincavam na minha janela! Foi um momento tão curto Rápido como o pensamento, Mas tão grande como é a poesia Ou quando cheiramos um fruto Tantans de luz e sombra Brincavam na minha janela Trouxeram das distâncias do tempo Mares, desertos, Indias, Àfricas Cheiros e brilhos misturados no vento Nos tantans de luz e sombra E na dança do pinheiro A passarada cantava de poleiro Com cheiros de longe, tão longe Entrei num pequeno instante, Conheci o mundo inteiro! Imaginei em batuques Com tantans de alegria Não quis pensar em tristeza Onde ouvesse, pararia! Era um momento supremo, único E era meio-dia! E os tantans de luz e sombra na minha janela batia… Helena Moleiro – Fernão Ferro |
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