"BIOGRAFIA"

"Francisco Jordão"

 
 

«A Poesia lhe refresca a alma»

 
Francisco Manuel Neves Jordão; usa o nome literário; Francisco Jordão; nascido em Mourão (Évora) a 14 de Maio de 1944. Cumpriu serviço militar na Armada Portuguesa, como fuzileiro. Francisco Jordão. Conhece bem a pobreza, e a vida passada em ditadura e não admite lições dessa vida amargurada. Abraça o fado por natureza, do qual também é letrista, onde reúne já bastantes letras para serem cantadas no fado.
Foi levado a emigrar para o Luxemburgo; onde aí refez a sua vida. De férias regressa sempre a Portugal que é o seu ninho; a residir em Vale de Milhaços / Corroios. Actualmente é membro de “Confrades da Poesia”; onde colabora com os seus poemas; é colaborador e Confrade Pioneiro da Rádio Confrades da Poesia”.
 
Bibliografia:
"Não tem livros editados"
 
Sites -
Tem Página no Facebook
 
 
 
Acusações ao Fado 
 
 
 
Quando te ouvi acusar, o velho fado,
De tudo o que ele não é,
Pensei que devias ‘star, mal informado,
Ou então era má fé.
 
Acusaste-o de vadio,
Rasca, reles e sem brio,
Enjeitado e da ralé.
Mas o fado não desvia,
Segue sempre a mesma via,
Com aprumo e com gajé.
 
Estás enganado, completamente,
O velho fado, tem nobreza e distinção.
E também tem, p’ra quem o sente,
A faculdade, de falar ao coração.
 
Se um dia quiseres ouvir, sinceramente,
Falar do fado a rigor.
Sentirás que no passado e no presente,
Foi sempre fonte de amor.
 
Cultivou a honestidade,
Foi calmante na saudade,
E foi o pão de muita gente.
Meio Povo meio tradição,
Talvez por esta razão,
Só o canta quem o sente.
 
 
Francisco Manuel Neves Jordão
Luxemburgo
 
 
 
 
 
 
 
 
As minhas penas      
 
 
Quanto mais quero,
Quanto mais quero esquecer-te,
Mais desespero,
Por não saber onde estás.
E em meus sonhos,
Eu vivo sempre em meus sonhos,
Os beijos,
Os beijos que me não dás.
 
Vou morrendo,
Vou morrendo de cansaço,
E a cada passo,
A cada passo me afundo.          
Mas não esmoreço,                        
Eu juro que não esmoreço,                          
E tudo faço,
Só p’ra te ver um segundo,
 
Mas se ao partir,
Me desses a tua mão,               
P’ra eu sentir,                                
O quanto te arrependeste,
Como eu morria,
Como eu morria feliz,
Na ilusão,                                
Que ainda não me esqueceste.
 
Talvez que um dia,
Tu possas sentir apenas,
As minhas penas,
Essas penas que eu sofri.
Tu podes ter-me,
Tu podes ter-me esquecido,
Mas eu,
Mas eu nunca te esqueci.
 
Francisco Manuel Neves Jordão
Luxemburgo
 
 
 
 
A Saudade
 
 
Já corri o mundo inteiro,
Voltei sempre ao meu País.
Só aqui neste canteiro,
Meu País meu cativeiro,
É que eu me sinto feliz.
 
 
É que eu me sinto feliz,
Mas feliz o ano inteiro.
Tenho tudo ao meu dispor,
Tenho amigos tenho amor,
Já não volto ao estrangeiro.
 
Francisco Manuel Neves Jordão
Vale de Milhaços
 
 
 
A outra nunca existiu 
 
 
 
Depois de tantos anos que passámos,
Unidos p’la paixão e p’lo amor,
Repara meu amor aonde chegámos,
Apenas há em nós ódio e rancor.
 
A culpa de quem é ? – Não sei dizer,
Apenas sei que quase enlouqueci,
Com medo que existisse outra mulher,
E eu nunca mais pudesse olhar p’ra ti.
 
Eu sei que não devia ter causado,
Aquelas cenas tristes de queixumes,
Porque nunca existiu outra ao teu lado,
Fui eu que a inventei com os meus ciúmes.
 
Errei, mas foi o medo de perder-te,
Que me levou a ser desta maneira,
Ceguei, e tudo fiz para prender-te,
Sem ver que me vencia, essa cegueira. 
 
E agora que o ciúme já morreu,
E que levou com ele o ódio e o rancor,
Vamos mostrar que nunca nos venceu,
Vamos viver enfim o nosso amor.
 
 
Francisco Manuel Neves Jordão
Luxemburgo
03 – 02 – 2004 
Alentejo e Alqueva,  
 
 
 
Alentejo de sequeiro,
Que em tempos foste o celeiro,
Desta distinta Nação.                 
Agora de regadio,
Vais manter o mesmo brio, 
P’ra que não nos falte o pão.
 
 
Anda ver o Alentejo,
E o nosso rio Guadiana,
Que os nossos olhos enleva.
Anda ver num lugarejo,                  
A paisagem arraiana,               
Da barragem do Alqueva.
Da barragem do Alqueva,
Aproveita este ensejo,
Para sentires a rigor,
Franqueza, paz e amor,
Anda ver o Alentejo.
 
 
De cabeça sempre erguida,
Acorda e sorri p’rá vida,
Meu Alentejo adorado.
Não chores não te apoquentes,
Que os teus filhos mesmo ausentes,
Velam por ti com cuidado.
 
 
Anda ver o Alentejo,  
 
 
Francisco Manuel Neves Jordão
Luxemburgo
 
 
 
 
 
Confissão
 
 
Tinhas razão em partir,
Porque eu não te merecia,
Passei o tempo a traír,            
Esse amor que me sorria.       
 
 
Mostraste sempre ternura,              
Aos meus falsos juramentos,
Com teu amor e alma pura,
De elevados sentimentos.
 
 
Quis esquecer-te por vingança,,
Roguei-te pragas sem fim,
E agora resta-me a’sp’rança,
Que não te ‘squeças de mim.
 
 
Nesta minha confissão,
Rogo a Deus p’ra seres feliz,
Quero pedir-te perdão,
Por todo o mal que te fiz.              
 
 
Aceito seja o que fôr,
P’ra te mostrar que mudei,
Quero pagar-te com amor,
Os desgostos que te dei.
 
Francisco Manuel Neves Jordão
Luxemburgo 21-12-2002
(fado pechicha
 
 
 
 
Decotes e Laçarotes
 
 
Já não vejo os laçarotes,
Que punhas nos teus cabelos.
Nem a ponta dos saiotes,
Que mostravas aos pinotes,
Pequenotes, desmazelos.
 
 
Já não vejo os laçarotes,
Que tinhas nos teus vestidos.
Nem os ‘stilos brejeirotes,
Provocando os rapazotes,
Aos magotes, atrevidos.
 
 
Agora mais ‘spigadotes,
Quando brincamos discretos…
Eu adoro que te ajanotes,
P’ra quando me olhares denotes,
Atrevidotes, afectos.
 
 
Hoje possuis outros dotes,
Que exaltam as tuas graças,
Nos imponentes decotes,
Que provocam os dichotes,
Velhacotes, quando passas.
 
 
Mas talvez que um dia notes,
Que enleias os meus sentidos,
Prendi-me aos teus laçarotes,
E hoje prendem-me os decotes,
Alegrotes, e atrevidos.
 
Francisco Manuel Neves Jordão
Luxemburgo,   07 – 10 – 2004 
 
     
 
 
 
 
 

"CONFRADES DA POESIA"

www.confradesdapoesia.pt