"BIOGRAFIA" |
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"Edgar Faustino" |
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Edgar Alfredo Faustino, nasceu no meio do Mundo na paradisíaca ilha de São Tomé do Arquipélago de São Tomé e Príncipe, em Dezembro de 1947. Fez o Curso Complementar do Liceu D. João II, actual 12º ano, e deixou a sua terra natal para fazer a vida militar, em Angola. Abril de 1974 interrompe-lhe a formação em engenharia, sonho que abandona de todo. A poesia é um refúgio e um trajecto que inicia no final da década de sessenta e tem um percurso que chega aos dias de hoje. Retratam vivências, das violências da Guerra Colonial, de uma sociedade nova que toma consciência na antiga Colónia de Angola e depois da, de Portugal a partir da década de oitenta. É membro de “Confrades da Poesia” – Amora / Portugal |
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BIBLIOGRAFIA: "Poemas Partes de mim..." | |
O PADRÃO Erguidos, pelos areais desconhecidos Firmes, pela rude e esforçada raça humana Marcavam toda a veemência lusitana P'los cantos, do grande Império, já esquecidos. Deixados, pelos achadores, p'ralém mandados Marcavam, como a tal obra era tão imperfeita, Porque séculos depois já ninguém os aceita E dalguns areais foram todos retirados. Vã glória de um Padrão que marcou todo Império Encabeçado com cinco quinas num escudo, E no alto, uma Cruz com grande poder para tudo. De que serviram tantos anos de ministério ? A forte Nação Portuguesa fraca ficou! Mar e terras sem fim deixaram de ter valor E o Forte e Nobre Povo apesar do seu clamor Por outros poderes, manietar se deixou. Hoje nada possui do vasto e tão rico Império. De forte explorador passou a fraco explorado Num pequeno rectangulo, no sul, colocado, Na Europa, velha e caduca, sem magistério. Velha Glória do valor Lusitano esforçado Que jazes esquecido na apagada memória Daqueles que valorosos fizeram História. Velha Glória, assim ingloriamente, acabado. Edgar Faustino – Correr D’Água Por Um Novo Abril Navega em mar onde impera a tormenta Que encobre tão vis e negros rochedos, E de repente desperta seus medos Nessa tempestade tão violenta. Na barca, a tripulação não aguenta Tantos balanços e tantos penedos Eriçados e plenos de arremedos Que sua pobre alma tanto apoquenta… Outrora o Nobre Povo Lusitano Enfrentou o desconhecido Oceano Na grande epopeia dos navegantes… Com tua garra, hoje, a névoa dilui E com teu grito, o desgoverno rui, E não mais… nada será, como dantes. Edgar Faustino - Correr D’Água | O REFUGIADO Um pequeno refugiado, ao lado da mãe cadáver, que já não o escuta Chora, soluça, faminto e esquelético. À sua sorte foi abandonado. Sua mãe ,em permanente disputa Em tão desumano teatro bélico, Morre, por comida, ter procurado. Seu pai, a vida, deixou no conflito Que, em metralha, todo o Mundo devora Com suporte legal, em tanto exército Na consentida e vil tirania Que poderosa, pelo Mundo aflora. Não tem coração quem a fome cria E conscientemente espalha a guerra. De que vale escreverem-se poemas E fazer da morte grande notícia Quando o ódio, sua arma aperra Tornando grandes, pequenos problemas? Só, o refugiado, já não chora Frente à fria indiferença do Mundo. Do seu frágil corpo, a vida partiu Com o silêncio, que aquela hora Se transformou num grito bem profundo Que só agora a Humanidade ouviu. Edgar Faustino – Correr D’Água FOLHA ALVA Eis-me folha alva Pura e casta Ansiosa... já não me basta As tuas palavras Escritas com tanto sentido. Eis-me tua.... Pura e nua Ansiosa pela carícia Da tua pena Em minha pele... Que delícia!! Eis-me nua Pura e tua... Escarlate pelo desejo Do teu tema Que por tal pelejo. Eis-me folha alva Casta e pura Comovida pela forma Suave e dura Do teu poema... Eis-me folha alva Ávida da forma que me lavras com dedicação extrema... Já não sou pura... Bebi de tua salva O pecado de teu esquema. Perdi-me nas palavras No sentido E na forma Deste teu poema... Edgar Faustino – Correr D’Água |
"CONFRADES DA POESIA" |
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